Figura 1: Principais fluxos de tráfico de cocaína conforme descrito nas apreensões reportadas, 2020–2023. Fonte: UNODC – World Drug Report 2025.
Gestão de Riscos no Programa OEA: o que os mapas do tráfico global
ensinam sobre segurança na cadeia logística
Introdução
Quando se fala em “gestão de riscos” dentro do Programa OEA, muita gente ainda pensa em burocracia ou formulários padronizados. Mas, na prática, o conceito vai muito além. Ele envolve conhecer o mundo — literalmente.
Entender como operam as rotas de tráfico internacional, por exemplo, é essencial para quem quer proteger sua cadeia logística e garantir conformidade com os requisitos da Receita Federal.
A figura 1 (acima), por exemplo, ilustra as rotas mais significativas do tráfico de cocaína, com base nas apreensões realizadas entre 2020 e 2023. Sua inclusão nesta seção reforça a importância da gestão de riscos no Programa OEA, destacando como essas rotas impactam a segurança da cadeia logística e a necessidade de controles eficazes.
Empresas que ignoram esse cenário correm o risco de serem usadas, sem saber, por redes criminosas que aproveitam brechas em processos logísticos legítimos. E é aí que a gestão de riscos do OEA entra em cena como um verdadeiro escudo de credibilidade.
1. Por que o tráfico internacional de drogas é um tema relevante para o OEA
De acordo com dados e análises do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o tráfico global de entorpecentes utiliza exatamente as mesmas rotas comerciais por onde circulam cargas lícitas — portos, aeroportos, rodovias e armazéns aduaneiros.
Ou seja: as empresas certificadas ou candidatas ao OEA estão operando nas mesmas rotas utilizadas por criminosos internacionais.
E isso muda tudo — porque o Programa OEA exige que a empresa identifique, avalie e mitigue riscos de segurança física, documental e operacional na sua cadeia.
Ao incorporar informações dessas rotas e tendências, a gestão de riscos passa a ser mais estratégica, mais realista e mais alinhada à própria finalidade do OEA: proteger o comércio internacional de ilícitos e fortalecer a confiança mútua entre empresas e aduanas.
1.1 Programa OEA e o Foco nas Américas
No contexto do comércio internacional, a segurança da cadeia logística é mais do que um requisito legal: é um diferencial estratégico. O Programa Operador Econômico Autorizado (OEA) surge como a ferramenta que permite às empresas identificar, avaliar e mitigar riscos, garantindo conformidade com a Receita Federal e aumentando a confiança de parceiros internacionais.
Quando olhamos para as Américas, percebemos que essa região concentra algumas das principais rotas de tráfico de cocaína do mundo, distribuídas por meios marítimos, aéreos e terrestres. Entender essas rotas é essencial não apenas para autoridades, mas também para empresas que querem operar de forma segura e certificada pelo OEA.
Os mapas a seguir trazem uma visão detalhada dessas rotas multimodais, mostrando como o tráfico se espalha pelo continente e quais pontos demandam atenção redobrada em uma gestão de riscos eficaz. Ao integrar essas informações à estratégia OEA, sua empresa consegue prevenir vulnerabilidades e fortalecer a segurança logística, transformando dados globais em decisões práticas e seguras.
A figura 2 (abaixo) Rotas de Tráfico de Cocaína por Ar nas Américas (2023–2024) – Demonstra as rotas aéreas utilizadas no tráfico de cocaína, destacando áreas de risco para a segurança logística.

2. As principais rotas do tráfico e o que elas revelam sobre vulnerabilidades logísticas
Segundo os relatórios mais recentes do UNODC, os fluxos ilícitos seguem padrões geográficos bastante definidos:
Cocaína: sai majoritariamente da América do Sul (Colômbia, Peru e Bolívia) e segue para a América do Norte, Europa e África Ocidental. Grande parte dessa movimentação ocorre por rotas marítimas e aéreas, aproveitando contêineres e remessas comerciais.
Heroína e ópio: têm origem no Afeganistão e se espalham por meio de corredores terrestres e aéreos na Ásia Central até a Europa.
Drogas sintéticas e precursores químicos: concentram-se na Ásia Sudeste, mas sua distribuição é global, com destaque para exportações marítimas e transporte aéreo de pequenas remessas.
África Ocidental: consolidou-se como um importante ponto de transbordo, conectando as Américas e a Europa.
Esses dados evidenciam que o risco não está só na origem ou destino da carga, mas nas rotas intermediárias, nos modais utilizados e nos parceiros logísticos envolvidos.
3. Como transformar essas informações em gestão de riscos prática e eficaz
Saber onde estão os riscos é o primeiro passo. O segundo é agir preventivamente, aplicando controles coerentes com o perfil da sua operação.
Veja como utilizar as informações do UNODC de forma prática dentro do seu Plano de Gestão de Riscos OEA:
- Mapeie riscos por rota e modal: Inclua no seu plano uma análise de cada rota comercial, destacando os países de origem, trânsito e destino. Se a rota coincidir com áreas de alto risco apontadas pela UNODC, intensifique controles e monitoramentos.
- Reforce a due diligence logística: Investigue o histórico de todos os parceiros logísticos — transportadoras, agentes de carga, armazéns e despachantes. Solicite evidências de compliance e segurança, e documente cada análise. Lembre-se: o OEA valoriza evidência documental, não apenas boas intenções.
- Fortaleça a segurança física e rastreabilidade: Implemente lacres eletrônicos, RFID e controles de acesso rigorosos em áreas de carga. Monitore movimentações e adote inspeções aleatórias — principalmente em rotas críticas.
- Capacite sua equipe: Treinamentos periódicos ajudam o time a identificar sinais de irregularidade, como documentos inconsistentes, clientes sem histórico comercial ou remessas com origem suspeita.
- Audite, meça e melhore: Defina indicadores simples: percentual de embarques auditados, anomalias identificadas, tempo médio de verificação de parceiros, etc. Esses dados ajudam a comprovar a efetividade do sistema de controle exigido pela Receita Federal.
4. A importância de documentar tudo — e bem
A Receita Federal avalia evidências objetivas. Por isso, inclua em seu dossiê OEA:
- Matriz de riscos atualizada com base em dados internacionais (como os da UNODC).
- Registros de inspeção e monitoramento de contêineres.
- Relatórios de due diligence com assinatura digital ou evidência de verificação.
- Procedimentos de resposta e comunicação de incidentes.
- Um bom dossiê não é só papelada: é o espelho da maturidade da sua gestão de riscos.
5. OEA e segurança global: o mesmo propósito
A essência do Programa OEA é construir uma cadeia logística internacional mais segura e previsível, tanto para governos quanto para empresas.
Ao se inspirar nos relatórios e mapas da UNODC, a sua empresa passa a ter uma visão global e integrada dos riscos, adotando medidas preventivas que a Receita Federal valoriza — e que o mercado reconhece.
Conclusão — Da teoria à vantagem competitiva
Empresas que dominam o tema “gestão de riscos” não apenas cumprem exigências do OEA: elas ganham vantagem competitiva.
Afinal, um parceiro certificado e com controles sólidos se torna mais confiável, reduz custos alfandegários, e abre portas para novos mercados.
O segredo está em unir o conhecimento global (como o da UNODC) com a prática local de compliance aduaneiro (como o exigido pelo OEA brasileiro).
E é nessa interseção que nasce a verdadeira segurança logística — aquela que protege, previne e impulsiona o crescimento.
Empresas que dominam o tema “gestão de riscos” não apenas cumprem as exigências do OEA: elas ganham vantagem competitiva. Um parceiro certificado e com controles sólidos se torna mais confiável, reduz custos alfandegários e abre portas para novos mercados.
A análise das rotas de tráfico de cocaína nas Américas reforça a necessidade de uma abordagem integrada e adaptativa, considerando os diferentes meios de transporte e os pontos críticos de vulnerabilidade. O conhecimento global, aliado à aplicação prática do Programa OEA, permite que as empresas previnam riscos, fortaleçam sua cadeia logística e aumentem a confiança de parceiros internacionais.
Para apoiar empresas nesse processo, a OEA Consultoria oferece serviços especializados de implementação do Programa OEA, gestão de riscos e segurança da cadeia logística. Nossa equipe ajuda a mapear vulnerabilidades, estruturar controles eficazes e garantir que sua empresa esteja pronta para operar de forma segura, confiável e em conformidade com a Receita Federal.
Fontes consultadas:
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) — World Drug Report 2025 – Maps e análises globais de rotas de tráfico.
Receita Federal do Brasil — Manual do Programa OEA e Portaria RFB nº 583/2025.
